Rito antropofágico anticapitalista diante as atrocidades humanas que ocorrem há anos por negligência e ocultamento do poder público no que tange os direitos dos povos indígenas na Argentina e em todos os países da Latino-américa.
O tempo duracional da ação permitem que os elementos, na cena aberta, se reconfigurem e se afirmem em sua materialidade e pela manipulação. Há uma precisão em cada gesto e uma seriedade ritualistica sem frescura mítica. ¢
A ação perpassa pelo rito, os elementos na cena aberta se reconfiguram e afirmam a arte que vai ao encontro. A possibilidade do corpo como veículo que experiencia o momento da atualidade inserido no contexto social. Rito transgressor de potência contemporânea acercado de signos e símbolos, que se transcodificam através da ação do intérprete que como um filtro provedor de sentidos, reinaugura o ” atos epifânicos” de transcendência histórica e visual.
A resignificação de cada elemento inserido remete a questões da terra e suas riquezas subjetivas, aprisionamento psicossocial, manipulação e cerceamento, a anestesia sensorial que impede o fluxo de senso crítico, descaso político e social, população indígena vivendo nas ruas das grandes metrópoles.²¢
O giz de lousa usado pela performer Eliza Moreira remete a relação com a terra prometida, com seus valores e costumes, e o branco da pureza, o elemento pó que marca sua presença e sua relação com a natureza das coisas… em seu estado originário. Alusão as casas, a família, as brincadeiras de crianças ao desenhar no chão. Doçura e passividade. União com a terra. O direito a sua terra, vínculo originário desde berço… que nutri, educa e comunica a gerações futuras… o cuidado com a terra, seus usos, costumes e mistérios de cura. O sentido da identidade com a terra. *0
As fitas de segurança amarela e negra que prendiam o performer George remetem a um sistema de manipulação, o homem contemporâneo sendo que sujeitado a uma série de crenças e valores; estes, muitas vezes, atrelados a sistema de valores econômicos. Algo sempre maior esta por traz dos fatos, são essas “mãos críveis” das tecnologias do poder que condicionam e moldam a construção de nossa própria subjetividade. Interfere diretamente nos fluxos de construção de identidade e alteridade, vez que nos produz exatamente como uma réplica em seu simulacro de desejos e medos, submentendo-mês aos sistemas invisíveis de cárceres cognitivos existenciais. §
A máscara de acrílico ao ser lixada denota esse processo de ocultamento da visão e correlaciona a atual situação dos políticos e da população em geral acerca dos acontecimentos que os rodeiam e, mesmo assim, não querem mais enxergar, esse olhar anestesiado e acostumado é um reflexo desse descaso subjetivo na qual se encontra a sociedade atual. º¬
Comunidades indígenas, povos originários de latinoamerica estavam alocados em precárias condições subumanas, vivendo em barracas nas principais ruas da Capital Federal da Argentina, e reivindicam seus direitos constitucionais á propriedade de terras, direitos e limites territoriais. Uma dessas comunidades indígenas – os Qom – originários de Formosa ao Nordeste do país, tiveram suas casas destruídas por um incêndio criminal cometido pelas autoridades governamentais da província de Formosa e o próprio Governador Gildo Insfrán. Seus pertences e documentos foram destruídos pelo fogo. Asassinaram dois de seus líderes Mario López e Roberto López. °₢
O ouro negro petrolífero derrama-se aos pés da performer Elisa. O ocultamento de seu pertencimento originário. O domínio da mobilidade… do não pertencimento.
A ganância do petróleo, a exploração de minérios valiosos encontrado nos territórios indígenas e os interesses políticos estaduais e federais mesclam-se ao grande plano de cooptação de interesses geopolíticos especulatórios econômicos visando somente projetos de desenvolvimento das Américas em infraestruturas e a crescente penetração dos megalomaníacos planos da IIRSA e do BID, assim sendo, a total abertura das explorações desenvolvimentistas de interesses internacionais nos territórios ainda cultuados e conservados pelas comunidades dos povos originários das Americas. ³£ 4$
O Governo continuam a reprimir os povos indígenas que vivem nessas terras com a pior das armas: a mentira e a ameaça . #
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